Será que a Interlog gosta mesmo de vender Macs?

(For the english version, please scroll down)

Recentemente um passarinho contou-me algo que, perplexamente, não sei se hei de acreditar.

Em finais do ano passado, o mercado português passou por uma penúria de iMacs de modelos de 17 e 20 polegadas. Por outras palavras, os caros iMacs de 24″ estiveram sempre à venda, ao passo que os irmãos mais pequenos e de preço mais acessível estiveram indisponíveis nos últimos meses de 2006. Ao ponto de alguns clientes mais desesperados terem optado por ir a Badajoz comprar um computador, depois de serem informados que na(s) próxima(s) remessa(s) chegariam os ditos modelos de 17 e 20 polegadas.

Aparentemente a Interlog terá tido necessidade de parar de vender computadores, por forma a não ultrapassar uma determinada quota que acarretaria a possibilidade da Apple se estabelecer directamente no mercado português. Acresce que para 2006 na sua quota a Interlog terá optado por um mix de produtos para o mercado nacional que contemplava mais iPods à custa dos Macs.

Ou seja, de acordo com o contrato que liga a Apple à Interlog, o acordo exclusivo de distribuição terminaria se num determinado exercício anual as vendas atingissem um certo patamar. Não é descabido pensar que a Apple se resguardou aquando da celebração do dito contrato com uma cláusula nesse sentido.

Não é preciso ir ao Eurostat verificar que os iMacs mais pequenos serão bastante mais apelativos para o mercado português que o de 24″.

Podemos sempre pensar que os meses perto do final do ano são pródigos em motivar rupturas de stock nas lojas, mormente em produtos cuja procura foi subavaliada. Certo, mas a hipótese inversa, de protecção dos seus interesses à custa de clientes, mercado e marca, é, pelo menos verosímil, atendendo ao historial da Interlog e algumas provas circunstanciais:

– A Interlog não terá investido na prestação de um conveniente serviço de apoio técnico aos seus clientes;
– A Interlog não estará preocupada com a boa ou má imagem prestada pelo seu serviço de apoio técnico;
– Aquando do lançamento da mais recente geração de MacBook Pros, o modelo de entrada de gama (15″ 2.2Ghz) apenas foi colocado à venda um mês após os MBP de 15″ (2.4Ghz) e 17″. Estes dois últimos são, curiosamente, bastante mais caros que o primeiro;
– Neste momento exacto continua a ser difícil encontrar MBP de 15″ (2.2Ghz) que vão chegando a conta-gotas a Portugal;
– As novas gerações de iPods chegam sempre ao mercado português mais depressa do que os novos Macs que vão sendo lançados.

Portanto, das duas uma: ou a Interlog erra frequentemente as previsões de procura no mercado interno, ou então em finais de 2006 optou conscientemente por limitar a oferta, de forma a evitar a produção de um efeito negativo sobre a sua sorte futura.

ENGLISH VERSION

Recently I received some fresh information related with the way Interlog – Apple’s official distributor for the portuguese market – has been ruling the roost here in Portugal. I don’t know if the info is true or not but it sure is, at the very least, plausible.

During the final months of 2006 supply of 17″ and 20″ iMacs dried up completely. During the holiday shopping season only the 24″ behemoth was available in ample supply. The situation was so dire that potential customers, after being told more than once that such models would be forthcoming, went to Spain to buy their hardware, fed up with hollow excuses and bullshit.

And the reason for iMacs’ disappearance from Portugal? Allegedly, none-other than Interlog’s own petty interests.

Apparently the distribution contract binding Interlog and Apple includes a clause giving the second right to termination and to establish an official representation in Portugal if and when sales reach a certain level during a year. Therefore, Interlog may have decided to pursue its best interests, limiting the sales of the more popular iMac models in Portugal to avoid losing its distribution contract. In addition, my contact told me Interlog had opted in 2006 to give preference to iPods on their total alloted quota, further explaining the need to avoid importing more Macs.

Well, one does not have to check with Eurostat that smaller and cheaper iMacs are in more demand in Portugal than the bigger model. It goes without saying.

On the one hand, it can be argued that in any given year, a company can misjudge demand and order less product than it should to keep the market supplied and avoid prolonged droughts. Sure, but on the other hand, it would not be the first time Interlog decides to protect its own best interests at the expense of clients, market, and (Apple) brand and such move would fit in with some anecdotal evidence:

– During the last few years, Interlog does not seem to have invested near enough on the technical support it provides to customers, as any major repair will certainly take months to conclude since the hardware is sent abroad for lack of facilities/capability in Portugal (where in Spain, the same repair would take two to three days on any reasonable Apple shop);
– Interlog has never been worried with the damages its dismal service has been doing to Apple’s brand and image, to the point of not even bothering giving reply to customer’s complaints (been there, done that);
– At the launch of MacBook Pro’s current generation, the least expensive 2.2Ghz model was only made available a full month after the more expensive versions were on sale;
– At this moment, the MacBook Pro 15″ 2.2Ghz is again in short supply, echoing 2006 iMac’s draught;
– Time to market of each iPod new generation is consistently faster than for computers.

So, either Interlog has been consistently misjudging demand in Portugal or in 2006 final months, it consciously decided to limit Mac availability in the retail channel to preclude a certain negative consequence from occurring: the loss of its most cherished prize, Apple’s distribution contract for Portugal.

Mothership, take notice: it’s about time you set up an official representation here in Portugal. For God’s sake, you’ve even created a company here. Use it!

Explore posts in the same categories: iMac, Portugal

25 comentários em “Será que a Interlog gosta mesmo de vender Macs?”

  1. vd Says:

    optou conscientemente por limitar a oferta, de forma a evitar a produção de um efeito negativo sobre a sua sorte futura.

    Bingo!

  2. detig Says:

    Lol, acho que deveria ter optado por uma linguagem “menos armada aos cágados”.

  3. mac2 Says:

    Well done, Pedro. 🙂

  4. Jose Marques Says:

    Esperemos que alguém da Apple leia isto :).


  5. A interlog tem um nicho de mercado que lhe gera receitas apetitosas sob o acordo de exclusividade que tem com a Apple.

    A propósito da falta de Macs para venda, a dada altura desse período a Fnac ameaçou a IMC de que iria importar os iMacs directamente de França caso a interlog continuasse a não entregar máquinas: resultado: as poucas máquinas chegadas ao país eram entregues preferencialmetne às lojas Fnac. Mesmo agora verifica-se o mesmo com os iMacs. A Loja AppleCenter do Amoreiras tinha há 15 dias um iMac 24″ em exposição, mas o teclado era um dos antigos. Ora isto quer dizer o q? Porque não exibiriam eles o novo teclado? A razão é que tiveram que ir comprar o iMac a Espanha e como não podiam meter o teclado espanhol, optaram pelo teclado anterior… tudo porque a IMC continua com as mesmas práticas com medo que a Apple feche a representação em favor de uma presença oficial.


  6. […] de ler isto(link) no Spinning beachball, fiquei curioso com o seguinte pensamento: será que quando o iPhone (o […]

  7. Cosaje Says:

    Gostei de lêr aquilo que já há ia na minha alma há muito tempo. Tem todo o sentido, apesar de dar o benefício de dúvida à Interlog. Será que ela merece? Pelo menos algins dos seus trabalhadores merecem.

  8. ajax Says:

    Convém não exagerar e não fazer da realidade uma ficção. Mas que se passam coisas esquisitas lá isso é verdade.

  9. shello Says:

    Hm… Será que estão a fazer neste momento o mesmo com os MacBook Pro? 🙂


  10. David… A propria Interlog importa já Imacs dos novos… por isso o AppleCenter poderá ter comprado o computador à IMC e não no estrangeiro…

    A razão por não exibirem o novo teclado é pura e simplesmente a sua não existência com o layout em português. Como tal todos os novos Imacs vendidos são-no feitos com o teclado antigo… a Apple envia os computadores para as lojas sem o teclado, que é da responsabilidade da estrutura local de incluír o layout respectivo.

    Hoje em dia há lojas que te vendem o imac sem o teclado se quizeres (com respectivo desconto no preço) ou que te vendem com o antigo, mas sem possibilidade de troca pelo novo quando houver em Portugal.

  11. jorge Says:

    Por acaso alguém já mandou este texto mesmo para a Apple?


  12. […] ο επίσημος μεταπωλητής της χωράς που φέρει το όνομα Interlog παίζει μερικά περίεργα παιχνίδια για να κρατήσει το […]

  13. dtsomp Says:

    There are other countries, too, in Europe that have face to similar attitude from their local reseller.

    http://www.wewantapplegreece.com/index.php/site/about

    Maybe we should create a http://www.WeWantAppleEU.com 🙂

  14. dafry Says:

    Same things in Greece from Rainbow.gr

  15. kincas Says:

    “David Rodrigues Says:
    Setembro 28th, 2007 at 12:26 pm

    A propósito da falta de Macs para venda, a dada altura desse período a Fnac ameaçou a IMC de que iria importar os iMacs directamente de França caso a interlog continuasse a não entregar máquinas: resultado: as poucas máquinas chegadas ao país eram entregues preferencialmetne às lojas Fnac. Mesmo agora verifica-se o mesmo com os iMacs. A Loja AppleCenter do Amoreiras tinha há 15 dias um iMac 24″ em exposição, mas o teclado era um dos antigos. Ora isto quer dizer o q? Porque não exibiriam eles o novo teclado? A razão é que tiveram que ir comprar o iMac a Espanha e como não podiam meter o teclado espanhol, optaram pelo teclado anterior… tudo porque a IMC continua com as mesmas práticas com medo que a Apple feche a representação em favor de uma presença oficial.”

    É bom saber do que se fala.
    Para sua informação a questão dos teclados não é como erradamente escreveu.
    O layout do teclado PT é diferente. Como tal tem e ser fabricado propositadamente. Acontece que o novo modelo ainda não existe com layout em PT. Assim optaram por incluir nas máquinas o teclado “antigo” por este ter esse layout.
    A Interlog não é nada por ai além, mas já chega bem quando tem “culpa”. Chega e sobra.

  16. detig Says:

    kincas,

    É verdade o que dizes. Mas a realidade é dura e crua. Estivem dois meses a vender os novos macs com os teclados antigos, quando o pacote pressupõe o fornecimento de um teclado dos novos.

    Não havendo teclados novos, vendiam os iMac sem o teclado (descontam o preço do mesmo) e perguntavam ao cliente se quer o teclado antigo.

    Assim estiveram este tempo todo a empandeirar monos.

    Retiro o que disse se a Interlog tomar a iniciativa de contactar todos os compradores de iMacs lesados e se oferecer a efectuar a troca imediata e gratuitamente. Acreditas que irá ocorrer?

    Eu não.

  17. kincas Says:

    Já vi coisas mais difíceis.
    Sempre podem depois enviar os antigos para as “nobelas”.


  18. Sim, e este problema dos layouts seria facilmente ultrapassável, já que o teclado dos nossos irmãos brasileiros não deverá ser muito diferente… bastaria “dar uma ligada” e pedir logo mais uns dois ou três teclados a entregar aqui…isso chegaria para satisfazer a procura…, ou melhor, a “oferta controlada!”

  19. kincas Says:

    A questão deve estar que eles também ainda não devem ter disponível.
    A única diferença está na tecla “-” e “+” no Numb Pad que estão “trocadas”.


  20. Bom artigo, Pedro.

    Concordo com o teu artigoi e acho que o ideal será a Apple assentar malas e bagagens aqui no nosso cantinho à beira mar plantado.

    Parece-me que os vários indícios indicam isso mesmo, inclusive o Leopard ter uma nova abordagem à nossa língua com o Português Ibérico e existirem links alojados no site-mãe da Apple que confirmam a presença de Portugal lá directamente (ver http://www.apple.com/pt/support/ ). Notem que nesse endereço temos a página actual da Apple em Português (o layout igual ao site da Apple US), com os links Suporte e Descarga que são endereçados para algures…
    O site da Interlog (Apple IMC) não tem esse layout e está muito desactualizado.
    Também a iTunes Store Portugal fornece links do género do que referi só que não têm as páginas ainda.

    No entanto ainda existem outras barreiras para além da Interlog para que em Portugal a Apple possa ter outro sabor (sim, há as maças verdes, amarelas, vermelhas), tais como o sector educativo e principalmente as lojas que vendem os produtos Apple.

    Sobre o caso das lojas, recomendo que cliquem sobre o meu nome neste comentário e degustem o que relato no meu blog sobre situações que presenciei com as lojas que temos por aí.

    Vamos ser pacientes e ter pensamento positivo, pois acho que a criação do iPhone e a futura disponibilização dele em Portugal, vai provávelmente modificar o nosso panorama.
    Acredito mesmo que a Apple vai aterrar cá a sério e acabar com a pseudo-Apple no país (Interlogs, Apple Centers da MultipleZones, os acordos estranhos, etc).

    Contudo alerto que não se deve considerar a Interlog como um monstro. Pode ser o “patinho feio” mas não é um monstro…

  21. trio Says:

    Infelizmente as coisas em Portugal, nunca são como as queremos.

    A situação dos teclados deveu-se efectivamente ao layout PT e ao contrário do que já li sei de fonte segura que os compradores nos revendedores eram informados da situação, sendo apresentada a opção. Um deles fui eu.

    Tenho que dar a mão á palmatória e reconhecer que realmente se poderia fazer muito mais pela marca, mas é precisamente aí que entram os Centros Autorizados e onde de facto a APPLE em si deve apostar mais. A Interlog tem uma massa humana competente que não reflecte necessáriamente as decisões executivas. Continuo a dizer que a mais valia de quem vende e assiste Mac é a massa cinzenta e apoio ao cliente, pois é a única forma de garantir a satisfação após tanto tempo de espera por um equipamento.

    No que diz respeito ao fornecimento de material já nem se coloca a dúvida e a primeira visita é a uma FNAC, a segunda provavelmente ao revendedor que nos costuma dar a assistência para saber quantas (normalmente 2 a 3) semanas temos que esperar.

    A realidade de Portugal perante a Apple todavia começa a mudar na minha opinião, pois os Centros começam a revelar mais rapidez nas reparações o que só por si acho indicar que não estamos esquecidos.

    Quanto a uma APPLE mesmo Portugal, não acredito… mais depressa aposto numa APPLE IBERIA ou qualquer coisa assim desse género…

    Cumprimentos

  22. Edgar Brito Says:

    Pedro, se ainda não o fizeste fica a sugestão: envia esse pedido para a deco e para a autoridade da concorrência. Pode ser que dê em alguma coisa.

    Cumps


  23. É ridícula a situação do mercado Apple em Portugal, não faz qualquer sentido o que está a acontecer, e acredito que a Interlog é a grande culpada. Não é possível evangelizar a plataforma apple quando não há produto para vender nas lojas. Eu próprio, como consultor informático numa multinacional com capacidade para escoar muito material, tenho muita dificuldade em evangelizar a Apple conforme gostaria. Nunca há stock e sem stock não se vende.
    Estou há mais de dois meses à espera do Macbook PRO 15″ 2.2Ghz para mim, e estou extremamente preocupado, não consigo encontrar modelos destes em stock em lado nenhum e os rumores estão cada vez mais intensos sobre o lançamento de novos modelos.
    Marcas como a sony estão cada vez mais agressivas na relação qualidade/preço e a Apple não está, devido à grande concentração no iphone/ipod touch, a acompanhar a evolução no mercado.
    Acredito nos produtos e na marca, mas estou extremamente triste com a forma como ela é representada em Portugal.


Deixe um comentário